17 de junho de 2010

CARPE DIEM POEMA COMPLETO DE HORÁCIO

COLHA O DIA, CONFIA O MÍNIMO NO AMANHÃ.
NÃO PERGUNTES, É PROIBIDO SABER
O FIM QUE OS DEUSES DARÃO A MIM OU A VOCÊ.


LEUCONE, COM OS ADIVINHOS DA BABILÔNIA
NÃO BRINQUE.


É MELHOR APENAS LIDAR COM O QUE CRUZA
O SEU CAMINHO.


SE MUITOS INVERNOS JÚPITER TE DARÁ
OU SE ESTE É O ÚLTIMO, QUE AGORA
BATE NAS ROCHAS DA PRAIA COM AS ONDAS DO MAR.


TIRRENO, SEJA SÁBIO; BEBA SEU VINHO
E PARA O CURTO PRAZO REESCALE SUAS ESPERANÇAS.


MESMO ENQUANTO FALAMOS,
O TEMPO CIUMENTO ESTÁ FUGINDO DE NÓS.


COLHA O DIA, CONFIA O MÍNIMO NO AMANHÃ.

12 de junho de 2010

Inominado

O inominado, o não sabido, a poeira cósmica e eterna do tempo.
É neste reino jamais adentrado que transito à vontade, desfrutando intensa sensação de prazer diante daquilo a que ainda não se nomeou.

O cadáver antecipado

Diante do corpo em frangalhos, diante do olhar desesperado, diante do fim que se manifesta mansamente, esgotando gota-a-gota, intermitentemente, o que resta daquilo que um dia foi vida, é premente que se instale como realidade uma loucura lúcida e sensata que declare por fim qualquer fio de ilusão e vaidade que persistam.
E, com extema urgência, bater em retirada, correr loucamente, lucidamente desistir.
Não me chamem para seus caminhos!
Sei que não vou por aí!
Horror, horror!

Angústia

Na escrita, minha angústia se dissolve... Agradeço o esvaziamento momentâneo!
É insuportável a sensação da incompreensão, do não se reconhecer no olhar do outro.
Invariavelmente esse outro me cansa.
E é só!

Tédio

Qual é, senhores, a graça em viver uma existência toda, na alegria tola da embolorada superfície de todas as coisas, desdenhando das ruelas úmidas e lúgrubes, reduto eterno do mistério que nos ronda e assalta invariavelmente?
Como sobreviver ao tédio dos dias insípidos, sem manter os olhos furtivos e o corpo teso na ânsia do encontro secreto?
O horror do cotidiano... esse eterno ir e vir incessante sem respostas, sem pouso, sem colo.
O horror do humano, massa desassossegada que transita pelas horas, pelos dias, como quem de nada sabe, amparada pela ignorância dos inocentes.

10 de junho de 2010

Absurdo

Queremos mais e mais tempo...
Tempo algum é ou será suficiente. O momento final nunca nos parece adequado...
Há que se viver mais um tanto...
Parece-nos ilógico a existência de um código genético previamente datado, inserido em um corpo-mente que relutam em admitir a idéia aterrorizante da própria finitude.
Pretendemos, com a maior das ousadias, um ego imortal e indestrutíel que preserve para o todo sempre esta nossa frágil identidade.
Contra todos os nossos intentos, assistimos impotentes à decripitude física e mental de todos à nossa volta. Corpos e mentes indo de roldão, transformando humanos em ridículas caricaturas.
Ainda assim, persistimos na ilusão doentia e na negação maníaca de tudo o que nos antecedeu.
E insistimos, em meio ao absurdo de tudo, em viver os dias que correm.