27 de outubro de 2007

indagação

Diante da ebulição dos dias que correm, ouso perguntar qual a pressa que eu deveria ter...
A Humanidade caminha, independentemente de quereres.
Eu perecerei, como todos os que antes de mim vieram, sem deixar o menor rastro e lembrança da minha existência.
Portanto, calmamente prossigo, pois da mesma forma seria se calmamente eu não prosseguisse.
Suportando minhas incertezas, conciliada com as minhas dúvidas, expurgando qualquer tentativa de me amparar em qualquer coisa que não seja eu mesma, meu delírio preferido.
Enfim, livre de dogmas e convicções.
Enfim!

26 de outubro de 2007

DEZ COISAS PARA FAZER ANTES DE MORRER

1. Antes de morrer, hei de viver cada dia como se fosse o único, como se fosse o último, em "slow-motion", contemplando e saboreando intensamente todos os sagrados minutos da existência.

2. Antes de morrer, vou ler! Ler muito, ler sempre que possível e quando impossível, ainda assim, ler. Manter-me em contato com os livros até o último momento, cultivando esse amor como fonte de inesgotável prazer e saber.

3. Antes de morrer, bom seria e bom será ter me conhecido profundamente, ter vasculhado todas as reentrâncias de mim mesma, ter desatado todos os possíveis nós, ter feito as pazes com as minhas contradições e meus paradoxos, com todos os meus temores e terrores.

4. Antes de morrer, vou rir muito. Dançar muito. Relevar tudo. Relaxar sempre.Não me levar a sério jamais!

5. Antes de morrer, saberei ter respeito. À dor da existência, às impossibilidades de toda ordem, às múltiplas diversidades, à existência do outro, dos outros, dos demais.

6. Antes de morrer quero estar no comando da minha vida, sem reverências e submissões a quem quer que seja, sem culto à personalidades, única devota da minha própria seita.

7. Antes de morrer, já morro antecipadamente pelo sofrimento e temores que o mundo possa causar àqueles que eu amo acima de todos os demais amores.

8. Antes de morrer, quero estar demente de lucidez, despojada de quaisquer ilusões, liberada de todos os medos, mirando corajosamente o mistério do devir.

9. Antes de morrer, irei escrever sempre. Registrar meu espanto diante do existir, minha interpretação da realidade, meus questionamentos irrespondíveis a respeito desse circo de horrores, desse imenso cenário de dementes que é o viver.

10. Antes de morrer, quero estar com as botas calçadas e pronta para partir para o nada ou para o lugar onde todos souberem o porquê das coisas e a corça dormir com o leão.

Inscrição sobre a minha porta

Vivo em minha própria casa
Jamais imitei algo de alguém
E sempre ri de todo mestre
Que nunca riu de si também.

A Gaia Ciência- Nietzsche

Heraclitiana

Não gosto do absolutamente limpo
E também do absolutamente terminado
Desconheço o porquê
Mas sempre deixo algo por fazer
Um banho sem tomar
A cama desarrumada
A barra da calça um pouco rasgada...
Um último copo a ser lavado
Sempre algo inacabado...
A impermanência das coisas
Auxilia na resolução da questão
Já que nada irá durar
Já que nada irá permanecer
Qual a necessidade de finalizar o que está em eterna transformação?
Através desse eterno vir-a-ser
Aceito minha limitação
Já basta a perfeição do universo!